domingo, 17 de agosto de 2008


Abelhas operárias atenderam ao chamado de um aroma acolhedor.

Voaram juntas pelos ares poluídos da metrópole.

Até encontrar um miolo fértil, escondido entre pétalas de cimento.

Nesse minúsculo favo da colméia urbana, serviram.

Modelaram paredes com sua própria cera.

Polinizaram um jardim como oferenda aos vizinhos.

E desobedeceram hierarquias, partilhando igualmente a geléia real preparada pelas anciãs.

Bailaram o trabalho numa tal harmonia que até as águas mudaram seu curso para participar da sagrada dança.

Por fim, zumbindo mantras, o enxame espalhou-se por outras paisagens.

E assim ficou: no lugar do canteiro de obras, o canteiro da Flor.




Lino (dizquefuiporai.blogspot.com)

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